Na última segunda-feira, 14/12, estivemos reunidos com um grupo de guardas municipais de São Carlos para debater a situação da instituição em nossa cidade.
Fizemos uma longa e produtiva conversa que durou cerca de 3 horas, repleta de informações técnicas, relatos e debates da maior importância. Além dos desafios estruturais e materiais, os principais problemas residem em uma dinâmica militarizada imposta de forma irregular a uma instituição civil.
Fui procurado por um grupo de guardas após postar um vídeo criticando a atuação de dois Guardas Municipais (que TORTURARAM um jovem em uma abordagem completamente irregular) e o subsequente áudio do atual Secretário de Segurança Pública do município que tenta justificar a abordagem truculenta criminalizando a estigmatizando o jovem com afirmações falsas e levianas de que ele seria suspeito por uma série de supostos crimes. Obviamente nada disso é verdade.
Um grupo de guardas municipais que se identificou com a manifestação acima e que entende que posturas como as do Secretário de Segurança e dos GMs envolvidos na agressão ao jovem prejudicam a imagem da instituição, resolveu me procurar para relatar mais à fundo a situação interna da guarda e os desafios vividos pelos mais de 160 profissionais envolvidos.
Na ocasião tomei ciência de um documento alarmante que foi publicado de maneira anônima em 2018 por servidores que relatam com profundidade uma série de supostos casos de abuso de autoridade, improbidade administrativa, assédio moral, entre outras situações apresentadas com indícios bastante sólidos. O documento corrobora uma série de denúncias que haviam sido enviadas em 2017 ao Ministério Público do Trabalho com autoria da AGMSC (Associação dos Guardas Municipais de São Carlos) tendo, até hoje, tido uma resposta completamente insatisfatória por parte do comando da GM e do próprio MPT.
A situação é realmente gravíssima e algo precisa ser feito com urgência para mudar essa situação, que acontece sob a tutela e com a conivência do Secretário de Segurança, Samir Grandini, e do prefeito Airton Garcia (PSL). É realmente lastimável que uma guarda que tenha sido criada “a serviço da cidadania” há quase duas décadas, sofra com tantos desafios internos que poderiam ser evitados com bom senso e uma liderança ética e apropriada. Além dos próprios profissionais, profundamente impactos, quem perde é a população de nossa cidade, todas as famílias e contribuintes.
Nos comprometemos em convocar uma audiência pública para tratar do tema ainda em janeiro de 2021 e articular junto a outros parlamentares soluções imediatas para os problemas mais graves vividos pela guarda municipal.
Deixo aqui registrado todo meu respeito a estes importantes profissionais da segurança pública e a essa instituição composta, em sua grande maioria, por pessoas sérias, idôneas e trabalhadoras. Registro também minha solidariedade ao jovem agredido de forma indevida há alguns dias e a todos aqueles e aquelas que já foram vitimados pelo abuso de autoridade e pela tortura por parte de agentes do Estado que tem como atribuição proteger nossos cidadãos e cidadãs.
Espero que algum dia, não muito distante, a população realmente passe a respeitar ao invés de temer ser vítima da exceção dos agentes de segurança de nosso país.