A região metropolitana de São Paulo corre o risco de entrar novamente em uma crise hídrica como a de 2014. Atualmente, o principal sistema que abastece a região – o Sistema Cantareira – registra menos de 40% do volume útil armazenado, ou seja, da quantidade de água disponível em relação ao total sem levar em consideração a reserva técnica*.
O volume atualizado pode ser consultado nesse link.
O Sistema Cantareira é um conjunto de represas criado nos anos 1970 para abastecer a cidade em crescimento. As represas ficam nas nascentes da bacia do Rio Piracicaba, a cerca de 70 quilômetros da capital. Para manter os reservatórios cheios, o sistema depende das chuvas de verão.
Foi comprovado através de diversas análises, inclusive da própria SABESP, que a crise de 2014 teve como causa principal a má gestão dos recursos hídricos – como os desperdícios do sistema, ausência de informações e de racionamentos programados, mas principalmente devido a não realização de obras de expansão – mesmo com a empresa e o governo do estado de São Paulos sabendo da necessidade dessas obras muitos anos antes da crise!
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Além disso, a preservação de matas ciliares, reflorestamento da Mata Atlântica e ampliação das zonas de nascentes de rios – fundamentais para o abastecimento dos sistemas – são ações indispensáveis que o Estado e a SABESP deixaram de fazer.
Porém, não são apenas as políticas públicas e a gestão do sistema que interferem nos nossos recursos hídricos. O desmatamento e urbanização descontrolada também têm grande importância nesse processo. Os períodos de seca são cada vez mais extensos e os anos com pouca chuva cada vez mais frequentes, e isso está diretamente relacionado à baixa arborização e à impermeabilização completa das cidades, com cada vez mais prédios e menos espaços verdes.
Existem várias atitudes que nós podemos tomar para contribuir com o meio ambiente e as chuvas. Abaixo segue uma lista com alguns exemplos:
1. Telhados Verdes
Regula a drenagem de águas da chuva, contribui com a umidade do ar, diminui a poluição ao ar, serve como isolamento térmico e resfriamento por evaporação, entre outras vantagens.
2. Reutilização de água
E saneamento ecológico descentralizado. Com uma reorganização simples, seria fácil reutilizar parte significativa da água das residências (como reutilizar a água da máquina de lavar para a descarga).
3. Captação de água de chuva
A água captada pode ser utilizada para banhos, descargas e até torneiras com o devido tratamento.
4. Uso mais consciente da água
Por exemplo, não lavando a calçada com mangueiras, diminuindo o tempo do banho e instalando descargas ecológicas, que utilizam menos água e de forma mais inteligente.
Além disso, outras ações poderiam ser realizadas pelos governos na forma de políticas públicas, como:
5. Educação ambiental
Para redução do consumo de água doméstico.
6. Legislação mais rígida
Para a indústria e o agronegócio, que são os principais no uso de água.
7. Empresas de fornecimento 100% públicas
Água não pode ser mercadoria na mão de acionistas estrangeiros que se importam apenas com lucro (e que lucraram com a crise, porque a água fica mais cara).
8. Reflorestamento
Preservação da Mata Atlântica e ampliação das zonas protegidas das nascentes dos rios.
É fundamental termos representantes no poder público que proponham programas educativos que falem sobre essas atitudes individuais e defendam as políticas públicas voltadas à sustentabilidade. Você já escolheu quem irá lhe representar?
*reserva técnica – refere-se ao volume morto, ou seja, o volume armazenado abaixo das comportas do reservatório. O uso do volume morto, utilizado em 2014, é mais dispendioso para ser utilizado, pois necessita de bombeamento, e a água neste nível não possui garantias de qualidade, podendo estar contaminada.